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6 de junho de 2010

A vanguarda do jazz

Na porta há um toldo vermelho, com o nome do lugar em letras brancas, facilmente reconhecível por qualquer um que tenha um mínimo de intimidade com o jazz. Lá dentro – depois de descer uma escada de 15 degraus – são exatos 123 lugares voltados para um palco tão modesto quanto histórico. O Village Vanguard, que abrigou de John Coltrane a Lenny Bruce, de Miles Davis a Woody Allen, de Woody Guthrie ao escritor-andarilho Joe Gould, tem uma biografia escrita por quem mais entende de Village Vanguard: Max Gordon, seu fundador e – até a sua morte em 1989 – seu principal dínamo. Comandado pela viúva de Gordon, Lorraine, o Village Vanguard continua aberto e mantém o alto nível da programação.

Ao Vivo no Village Vanguard (Editora Cosac&Naify) recupera através da memória do fundador do local alguns dos momentos mais expressivos do que foi feito musicalmente em Nova York durante mais de cinco décadas. O Village Vanguard virou sinônimo de programação de qualidade. Mais: Max Gordon conseguiu se transformar num dos poucos donos de casas noturnas respeitado pelos músicos. Até os de convívio mais difícil – como Charles Mingus e Sonny Rollins – faziam questão de abrir espaço nas agendas para se apresentar no Village Vanguard.

E foi da convivência com os músicos que Gordon aperfeiçoou o sentido de improviso. Assim, o livro reproduz o clima dos mais de 100 discos gravados no local e tem, como sublinha o crítico Nat Hentoff na introdução, um ensinamento fundamental: "Escrever é sentir um ritmo e depois se deixar levar por ele".

Um belo complemento ao livro é este documentário a seguir:
 

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