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23 de agosto de 2010

Cordas

Um instrumento musical com nome de foguete há mais de cinco décadas revoluciona o rock. A Fender Stratocaster é reconhecida como modelo de guitarra elétrica mais famoso do mundo, imortalizado por uma legião que vai de Jimi Hendrix a Eric Clapton, de Buddy Holly a Lou Reed.

Na verdade, a história da Fender Stratocaster começa uma década antes, quando Leo Fender – que trabalhava em uma loja de conserto de rádios – e se juntou a Doc Kauffmann, montando a empresa K&F Manufacturing. Em 1946, Fender criou um primeiro modelo de guitarra que deveria servir apenas para demonstração, mas acabou fazendo um enorme sucesso entre os músicos de country da região, que faziam listas de espera para alugá-lo. Logo depois, os dois romperam a sociedade, e Fender começou a trabalhar num projeto de guitarra de corpo sólido e que fosse prático.

A Fender Esquire e, logo depois, a Fender Telecaster fizeram sucesso, mas Fender ainda se assustava com a concorrência dos modelos Gibson, Epiphone e Gretsch. Ele desejava um instrumento infalível que não perdesse em agudos e que tivesse graves mais poderosos que a estridente Telecaster.

Nos primeiros meses de 1954, chegavam às lojas os primeiros exemplares da Fender Stratocaster. Era realmente revolucionária – fato que se devia ao seu conforto na hora de tocar, com seu corpo chanfrado – e curiosamente, afinal Leo Fender não se preocupava com isso, ela apresentava um design inovador. A resposta do público foi imediata: a Stratocaster ficou entre os modelos mais vendidos nos Estados Unidos entre maio de 1954 e dezembro de 1955.

Fender viu o êxito de sua maior criação, mas em 1965, quando ficou doente, pensou seriamente que iria morrer e vendeu a empresa para o grupo CBS por US$ 13 milhões. Muitos guitarristas nem consideram os instrumentos feitos a partir da mudança. A CBS ficou com a empresa durante 20 anos e depois repassou para investidores em 1985. Leo Fender morreu seis anos depois.

10 de agosto de 2010

Um craque

Cinquenta e seis anos depois de ter encantado o mundo comandando a Seleção Húngara, Ferenc Puskas (1927 - 2006) merece ser lembrado com a leitura de Puskas – Uma Lenda do Futebol. O livro, lançado há doze anos pela Editora DBA, mas ainda encontrável em muitas livrarias, é uma imensa reportagem feita pelos jornalistas Klara Jamrich e Rogan Taylor. Ele inglês, ela conterrânea do craque.

Jogador que quase sempre estava acima do peso, mas que compensava os quilos a mais com agilidade e um potente chute de perna esquerda, Puskas – juntamente com outros jogadores, técnicos e jornalistas da época – recorda como um time – o Honved – idealizado pelo governo da Hungria, que pretendia usar os jogadores como instrumento de propaganda, se transformou numa máquina de jogar futebol. As conversas entre Puskas e os jornalistas destacam a participação da seleção na Olimpíada de Helsinque, em 1952, a vitória sobre os ingleses em pleno estádio de Wembley – considerado um dos dez melhores jogos de todos os tempos –, a formação do Real Madrid ao lado de Di Stéfano e Didi e, principalmente, o relato sobre a derrota (inimaginável) para a Alemanha na Copa de 1954.

A taça seria levantada por Fritz Walter, comandante de uma seleção alemã que tendo perdido para os mesmos húngaros na primeira fase por 8x3 conseguiu vencer na final, derrotando os adversários por 3x2. Poucos meses depois da Copa, a imprensa europeia descobria que metade do time campeão adoecera de icterícia. Naquele tempo, não havia exame de doping.

E para quem não viu Puskas em ação:

9 de agosto de 2010

Underground

Há poucos meses conversei com o jornalista, escritor e filósofo, Luiz Carlos Maciel. Aos 72 anos, este gaúcho de Porto Alegre mas há mais de quatro décadas radicado no Rio de Janeiro recordava como foram os frenéticos anos 60. “Foi um tempo de muita agitação e criatividade. Minha geração queria mudar não só o mundo como cada um de nós em particular, ou seja, a própria vida que cada um vivia”, lembra Maciel. No final da década, ele, no Pasquim, comandava as duas páginas do Underground, a primeira experiência no Brasil a acompanhar o movimento hippie. “Acredito que vivi períodos privilegiados, repletos de descobertas e revelações”, acrescenta. Seguem abaixo trechos selecionados da entrevista:

O que você fazia entre 1967-1969, época do surgimento e da explosão do movimento hippie?
Trabalhava em jornais e revistas, tipo Ele Ela, O Jornal, Última Hora e finalmente O Pasquim, no seu inicio. Foi neste último que criei as duas páginas do Underground, a primeira do Brasil a acompanhar o movimento hippie. Tive também uma coluna na Ultima Hora, chamada Vanguarda.

Qual a memória que você tem dos acontecimentos daquela época?
A melhor possível. Foi um tempo de muita agitação e criatividade. Minha geração queria mudar não só o mundo como cada um de nós em particular, ou seja, a própria vida que cada um vivia. Acho que tive uma juventude privilegiada, cheia de descobertas e revelações, a gente se divertia muito.

Quais foram as grandes revoluções do movimento hippie?
A grande revolução foi a liberdade. A verdade de Sartre de que somos totalmente livres para inventar a nós próprios, foi posta em prática. Houve uma contestação de toda a maneira de viver vigente, uma subversão de valores, no sentido de Nietzsche, que abrangeu comportamento, estética, moral, política, religião, etc. A gente se divertiu muito.

Passados 40 anos, o que os hippies deixaram de ensinamento?
A liberdade.

8 de agosto de 2010

Uma vida vivida intensamente

Ator símbolo do humor americano da transição das décadas de 70/80, John Belushi tem sua vida escarafunchada por um dos melhores repórteres dos Estados Unidos: Bob Woodward. O resultado está em Wired, biografia que agora ganha versão em espanhol com o título "Como una Moto: La Vida Galopante de John Belushi". Ao mostrar a roda viva em que o ator vivia, com muito álcool e drogas, o livro revela um relato frenético rumo ao abismo.