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4 de junho de 2010

O onipresente Aloysio de Oliveira

Quando Carmen Miranda foi para os Estados Unidos ensinar o que é que a baiana tem, quem estava do lado dela? Quando Walt Disney precisou de alguém para dar uma certa "brasilidade" aos seus desenhos a quem ele recorreu? Quando artistas da bossa nova queriam gravar seus discos com liberdade e criatividade a quem eles procuravam? A resposta para as três perguntas é a mesma: Aloysio de Oliveira. Músico, letrista, produtor, narrador, empresário musical, Aloysio foi um dos maiores e dos mais polivalentes talentos da cultura brasileira do século passado.

Ainda adolescente, com 15 anos, em 1929, já fazia parte do Bando da Lua, grupo que acompanhava Carmen Miranda e que com ela viajou para os Estados Unidos. Por lá, Aloysio, com pouco mais de 20 anos, se enturmou com Walt Disney e trabalhou como narrador (as falas originais de Peter Pan e Capitão Gancho são dele) e consultor de desenhos animados – seus palpites ajudaram a dar forma ao Zé Carioca – e em Alô, Amigos, de 1943, ele cantou Aquarela do Brasil.

Com a morte de Carmen Miranda, em 1955, Aloysio voltou para o Brasil no ano seguinte. Ficou um tempo trabalhando como diretor artístico da gravadora Odeon (onde lançou Tom Jobim, João Gilberto e a cantora Sylvia Telles, com quem se casaria em 1960) e também na Rádio Mayrink Veiga. Passou rapidamente pela Philips, mas logo resolveu partir em vôo solo para a sua gravadora, a Elenco. Foi o período mais feliz e prolífico da sua vida. Em parceria com Tom, compôs canções como Demais, Dindi, Só Tinha de Ser com Você, Inútil Paisagem e Eu Preciso de Você. No final dos anos 60, abalado com a morte de Sylvia Telles num acidente de carro, vendeu o selo para a Philips e regressou para os Estados Unidos. Voltou ao Brasil em 1972, atuando como produtor musical em diversas gravadoras, como Odeon, RCA Victor e Som Livre.

Discreto e elegante – nunca admitiu publicamente seu envolvimento amoroso com Carmen Miranda – Aloysio fez seu testamento com o livro de memórias De Banda pra Lua. Depois disso, fez a última viagem para os Estados Unidos, onde morreu em Los Angeles, em 1995, aos 80 anos.

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